Informações Básicas

Conheça os dados essenciais sobre este medicamento:

A naltrexona está disponível em farmácias portuguesas mediante receita médica, tendo a Autoridade Nacional do Medicamento estabelecido condições específicas para sua dispensação. O comprimido genérico tornou-se acessível após expiração de patentes, embora produtos como Vivitrol® mantenham preço elevado.

Farmacologia

A naltrexona atua como antagonista competitivo nos receptores opióides cerebrais μ, κ e δ:

• Bloqueia efeitos euforizantes do álcool e opiáceos ao interferir no sistema mesolímbico de recompensa
• Biodisponibilidade oral média de 5-40% com metabolismo de primeira passagem
• Metabolizada no fígado via di-hidronaltrexona (DPN)
• Eliminação renal em 24-72 horas

Interações críticas incluem:

• Paracetamol: aumenta hepatotoxicidade pela sobrecarga enzimática CYP
• Analgésicos opióides como tramadol: antagonismo reduz analgesia e pode desencadear convulsões
• Medicamentos depresores do SNC: síndrome serotoninérgica potencializada

Indicações

Usos aprovados pela Agência Europeia de Medicamentos:

• Dependência alcoólica: redução de recaídas após desintoxicação inicial
• Dependência opiácea: manutenção da abstinência após desmame completo

Utilização off-label em Portugal:

• Doses baixas (LDN 1.5-5mg) em fibromialgia
• Modulação imunológica em doenças autoimunes

Contraindicações importantes:

• Gravidez (categoria C): risco potencial com evidências limitadas
• Insuficiência hepática grave: evitar devido à metabolização hepática
• Crianças e adolescentes: eficácia e segurança não estabelecidas

Dosagem e Administração

O protocolo terapêutico varia conforme indicação:

Ajustes especiais:

• Hepatopatia leve: reduzir dose para 25-50%
• Disquinesia tardia: administrar após pequena refeição

Armazenamento requer atenção:

• Comprimidos: temperatura ambiente (20–25°C)
• Solução injetável (Vivitrol®): refrigeração entre 2–8°C

Segurança e Efeitos Secundários

A naltrexona apresenta contraindicações absolutas para pessoas com dependência ativa de opioides ou hepatite aguda. Se administrada nessas condições, pode desencadear crises de abstinência severa ou agravar lesões hepáticas. Pessoas com cirrose hepática ou insuficiência renal requerem monitorização rigorosa devido ao risco aumentado de toxicidade.

Efeitos secundários frequentes incluem náuseas (10% dos casos), cefaleias (14%) e desconforto gastrointestinal leve. Manifestações raras envolvem insónia persistente, artralgia ou reações cutâneas como urticária. Situações graves que exigem intervenção médica imediata incluem sinais de hepatotoxicidade (icterícia, dor abdominal superior) ou alterações de humor com risco suicida.

Atenção às interações medicamentosas: combinar naltrexona com analgésicos opioides pode provocar choque de abstinência. Grávidas e lactantes só devem usar sob estrita supervisão médica. Recomenda-se vigilância periódica das enzimas hepáticas durante tratamentos de médio prazo.

Experiência do Paciente

Testemunhos no Drugs.com indicam que 68% dos utilizadores registam diminuição significativa do desejo por álcool após iniciação terapêutica. Contudo, muitos destacam efeitos desconfortáveis nos primeiros dias - principalmente fadiga inexplicável e episódios de ansiedade transitória. Nas comunidades portuguesas como Saúde PT, a frustração com os custos domina as discussões, especialmente com o Vivitrol®, cujo preço ronda os 280€ por dose mensal.

A taxa de abandono aproxima-se dos 30%, principalmente entre quem desenvolve náuseas persistentes ou sintomas gastrointestinais incapacitantes. Utilizadores que mantiveram o tratamento além da 4ª semana frequentemente referem melhoria na qualidade de vida e redução da anedonia. O desafio permanece na adesão terapêutica inicial, onde o apoio em redes sociais ou grupos especializados mostra impacto positivo.

Alternativas e Comparação

Clínicos portugueses frequentemente optam pelo disulfiram para induzir aversão ao álcool, enquanto a naltrexona destaca-se na redução gradual do desejo. O acamprosato apresenta melhor custo-benefício para prevenção de recaídas, mas com eficácia variável. Selincro® (nalmefene) surge como alternativa moderna, porém com preço superior. A decisão final deve considerar histórico clínico, perfil de efeitos adversos e objetivos terapêuticos.

Mercado Português

Em Portugal, a naltrexona está disponível em farmácias físicas como Farmácias Portuguesas ou Catraia, e online através de plataformas como eFarma ou shopee.pt. O formato oral genérico (Naltrexone Accord) predomina nas prateleiras, com custo médio de €0.90 por comprimido de 50mg. Preços observados:

- Embalagem de 28 comprimidos: €25-€35

- Vivitrol®: Disponível exclusivamente em meio hospitalar.

Segundo dados Infarmed, o consumo aumentou 12% após a pandemia, especialmente para tratamento de dependências alcoólicas. Fatores como aprovação regulatória, entregas rápidas de farmácias online e maior aceitação clínica impulsionam o acesso. Recomenda-se verificar stock antecipadamente devido a eventuais ruturas.

Investigação e Inovações em Naltrexone

Estudos recentes analisam aplicações expandidas da naltrexona, especialmente na dose reduzida. Um ensaio clínico de 2023 demonstrou que a formulação em baixa dose (LDN) reduziu sintomas de fibromialgia em 41%, envolvendo 120 pacientes durante 24 semanas. Investigadores avaliam agora o potencial para controle de sintomas de TDAH, com resultados preliminares aguardados até final de 2024. A expiração das patentes originais facilitou acesso a versões genéricas acessíveis, ampliando o espectro terapêutico. Linhas de pesquisa promissoras incluem implantes subdérmicos de ação prolongada, visando melhor adesão a tratamentos de longo prazo. Meta-análises sugerem efeitos em mecanismos de modulação da neuroinflamação, abrindo caminho para usos off-label. Publicações brasileiras e europeias destacam protocolos experimentais para condições autoimunes. Ensaios de fase III avaliam combinações inovadoras para dependência química e dor crónica.

Orientações para Uso Adequado de Naltrexone

Instruções fundamentais para segurança e eficácia:

• Administração oral: Tomar comprimidos com abundante água após refeições leves para minimizar náuseas. Não esmagar ou partir comprimidos de libertação padrão
• Contraindicações rigorosas: Evitar consumo de álcool para não sobrecarregar a função hepática. Suspender imediatamente analgésicos opioides
• Armazenamento: Conservar embalagem original em local seco (15–30°C), longe de humidade

Erros frequentes incluem autosuspensão quando sintomas melhoram e utilização de doses não padronizadas. Consultas periódicas para monitorização de enzimas hepáticas são críticas durante terapia prolongada. Diante de uma dose perdida, não duplicar administração seguinte – retomar ciclo habitual. O folheto informativo deve ser revisado integralmente, com comunicação imediata de reações adversas ao especialista. Sinais como fadiga extrema ou icterícia requerem avaliação urgente. Integrar a medicação à rotina através de alarmes ou caixas organizadoras previne esquecimentos.