Informações Básicas

Denominação	Detalhes
Nome Internacional (INN)	Clomifeno citrato
Nomes Comerciais em Portugal	Serophene®, Omifin®, Fertomid®
Código ATC	G03GB02 - estimulantes da ovulação
Apresentação	Comprimidos revestidos de 50 mg
Fabricantes	Sanofi-Aventis (UE), Zentiva (Portugal), Merck Serono
Estatuto Legal	Medicamento sujeito a receita médica (Rx)
Entidade Reguladora	Autorizado pelo Infarmed

Este medicamento é utilizado especialmente em contextos de infertilidade feminina, quando há dificuldade em ovular. Exige receita médica por necessitar de acompanhamento especializado durante o tratamento. As principais farmácias em Portugal distribuem embalagens típicas em blister com 10 ou 30 comprimidos. Antes de iniciar, consulte sempre seu médico e infarmacêutico.

Farmacologia: Como Funciona o Serophene

O mecanismo principal do clomifeno centra-se nos recetores de estrogénio. Atua como antagonista nestes recetores, levando o hipotálamo a aumentar a produção das hormonas FSH (hormona foliculoestimulante) e LH (hormona luteinizante). Este aumento hormonal estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos, promovendo a ovulação em mulheres com ciclos irregulares. Sobre a sua ação no organismo:

• Pico de ação ocorre entre 5 a 7 dias após início da toma
• Metabolizado principalmente no fígado através do sistema enzimático CYP450
• Eliminação maioritariamente pelas fezes e urina

É importante evitar combinações perigosas. Anticoagulantes como a varfarina podem ter efeito potenciado, aumentando risco hemorrágico. O álcool agrava efeitos secundários comuns como náuseas e afrontamentos. Se tiver doenças hepáticas, discuta alternativas com seu médico.

Indicações Clínicas e Aplicações

O uso aprovado deste medicamento em Portugal limita-se ao tratamento da infertilidade em mulheres com: - Síndrome do ovário poliquístico (SOP) - Amenorreia (ausência de menstruação) - Anovulação (falta de ovulação) Em certos protocolos de fertilização in vitro (FIV), médicos poderão prescrevê-lo off-label como tratamento complementar. No entanto, sempre sob rigorosa supervisão clínica. Populações específicas: - Gravidas: Contraindicado absolutamente devido a risco de malformações fetais - Idosos: Não se aplica, já que indicado apenas para idade reprodutiva - Crianças: Não recomendado em qualquer situação As agências reguladoras como EMA, FDA e Infarmed mantêm aprovação para indicações específicas de infertilidade ovulatória. Este medicamento não substitui tratamentos hormonais mais complexos.

Posologia e Administração

A toma padrão inicia-se com um comprimido de 50 mg diário, habitualmente entre o 2º ao 5º dia do ciclo menstrual. A duração do tratamento é de 5 dias consecutivos por ciclo. Se não ocorrer ovulação, o médico poderá aumentar para 100 mg diários no ciclo seguinte. Situações especiais: - Insuficiência renal: Monitorizar níveis de creatinina antes e durante terapia - Doença hepática: Uso totalmente contraindicado por risco de toxicidade hepática - Esquecimento de dose: Se ultrapassar 12 horas da hora programada, saltar a dose. Nunca tomar dois comprimidos para compensar Armazenamento exige condições específicas: Conservar na embalagem original, abaixo dos 25°C, protegido de humidade e luz direta. Não usar após data de validade impressa na embalagem. Em caso de gravidez confirmada, interromper imediatamente o tratamento.

Contraindicações & Precauções

O Serophene não deve ser utilizado em determinadas condições médicas devido a riscos graves. As contraindicações absolutas incluem:

• Doença hepática: O medicamento é metabolizado no fígado, podendo agravar hepatopatias.
• Cistos ovarianos não relacionados à SOP: Pode causar crescimento perigoso quistos pré-existentes.
• Hemorragia uterina inexplicada: Necessário diagnóstico prévio da causa do sangramento.
• Cancro estrogénio-dependente: Tumores mamários ou endometriais são agravados pela ação hormonal.

Já as contraindicações relativas exigem avaliação médica rigorosa antes da toma, abrangendo:

• Histórico de fibromiomas (potencial crescimento acelerado)
• Diabetes: Possível descontrolo glicémico
• Epilepsia: Risco de convulsões aumentado
• Depressão: Agravamento de sintomas psicológicos

A monitorização obrigatória envolve ecografias pélvicas regulares para prevenir a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO) e avaliações oftalmológicas devido aos possíveis distúrbios visuais associados ao clomifeno. Pessoas com síndrome do ovário policístico requerem vigilância especial pelos riscos ampliados de complicações.

Efeitos Secundários

Estão documentados diversos efeitos adversos com diferentes graus de incidência e gravidade:

Frequência	Efeitos Observados
Comuns (≥10%)	Afrontamentos intensos, náuseas ligeiras, distensão abdominal, cefaleias moderadas
Graves (<1%)	Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO), visão turva persistente, torsão anexial, reações alérgicas severas

A Síndrome de Hiperestimulação Ovariana destaca-se pela sua perigosidade, apresentando sintomas como dor pélvica aguda, náuseas persistentes e ascite. Distúrbios visuais podem surgir em aproximadamente 1.5% das utilizadoras. Recomenda-se a suspensão imediata e avaliação médica caso ocorram escotomas ou fotofobia. Para efeitos gástricos ou ondas de calor, estratégias não farmacológicas como roupa leve e refeições pequenas podem ajudar. A decisão terapêutica deve sempre ponderar riscos versus benefícios.

Experiências de Pacientes

Fóruns como TPU.pt e grupos de Facebook dedicados à fertilidade em Portugal revelam padrões nas vivências das utilizadoras. Relatos no Reddit (r/TryingForABaby) indicam taxas de ovulação em torno de 70-80% em mulheres com síndrome do ovário policístico, embora muitos demarquem frustração com afrontamentos incapacitantes que interferem com atividades profissionais. O aspecto psicológico emerge como preocupação frequente:

• Ansiedade durante a monitorização cíclica devido a ultrasons frequentes
• Sensação de fracasso quando ciclos não resultam em gravidez
• Dificuldades conjugais pela pressão associada ao tratamento

Quase 30% mencionam esquecimento de doses, sendo sugeridos alarmes telefónicos ou associar a toma a rotinas diárias fixas. Testemunhos no FB "Fertilidade Portugal" recomendam acompanhamento psicológico paralelo para lidar com a carga emocional dos tratamentos de infertilidade.

Alternativas em Portugal

Diversas opções terapêuticas existem quando oSerophenenão mostra eficácia ou é contraindicado:

Medicamento	Mecanismo	Preço (€)	Vantagens	Desvantagens
Letrozol	Inibidor da aromatase	25-40	Menor incidência de efeitos secundários	Estudos de longa duração limitados
Gonadotropinas	Estimulação direta FSH/LH	100-500	Alta eficácia em tratamentos de FIV	Administração injetável; elevado risco de SHO
Serophene	Modulador estrogénico	15-25	Administração oral; histórico de utilização documentado	Afrontamentos intensos frequentes

Comparando Serophene vs Letrozol, este último apresenta menor taxa de efeitos adversos mas é menos eficaz em certos subtipos de SOP. As gonadotropinas são reservadas para casos complexos, com custos até 20 vezes superiores e necessidade de administração profissional. Pacientes com recursos limitados frequentemente iniciam pelo clomifeno pela sua acessibilidade financeira e formato não invasivo, passando a alternativas só após falha terapêutica comprovada.

Situação do Mercado de Serophene em Portugal

Servophene encontra-se disponível na maioria das farmácias portuguesas, incluindo redes como Holon e Catena. Embora habitualmente acessível, podem ocorrer rupturas pontuais de stock que prolongam a espera por 1-2 semanas. O preço médio ronda os 15-22€ por embalagem com 10 comprimidos, valor sem comparticipação do SNS. Observam-se três tendências relevantes:

• Aumento de 18% na procura após a fase aguda da pandemia, relacionado com adiamentos de tratamentos de fertilidade
• Disponibilização preferencial de embalagens em blister com 10 e 30 comprimidos
• Crescimento nas vendas em clínicas privadas de reprodução assistida

Pesquisa e Futuro do Clomifeno

Meta-análises recentes confirmam a eficácia do Serophene para indução ovulatória em SOP, embora o letrozol demonstre maior taxa de gestações a termo. Patentes já expiradas permitem ampla disponibilidade de genéricos como Clomid e Clomifeno Cinfa. Inovações em estudo incluem:

• Aplicação em fertilidade masculina para oligospermia, com resultados iniciais modestos
• Combinação com metformina em pacientes com SOP e resistência à insulina
• Protocolos reduzidos (3 dias) para minizar risco de hiperestimulação ovariana

Perguntas Frequentes sobre Serophene

Numerosas dúvidas surgem sobre este medicamento. Partilho as mais comuns:

Posso tomar Serophene durante anos?

Não recomendado. A terapia limita-se a 3-6 ciclos consecutivos para reduzir riscos como cancro ovariano (sem relação causal estabelecida) e alterações visuais permanentes.

Serophene afeta a capacidade de condução?

Potencialmente sim. Visão turva ou dupla ocorre em 10% das utentes - evite conduzir ou operar máquinas se surgirem estes sintomas.

Existe comparticipação pelo SNS?

Atualmente sem comparticipação. Custo integral suportado pela paciente, variando consoante a farmácia.

O álcool interfere com Serophene?

Sim. Pode potenciar tonturas e náuseas. Recomendo abstinência durante o tratamento.

Melhor horário para tomar?

Preferencialmente matinal com água. Não exige jejum, mas manter horário consistente diariamente.

Orientações para Uso Correto do Serophene

Administre um comprimido diário sempre à mesma hora, ingerido com água corrente. Comece entre o 2º-5º dia do ciclo menstrual. Armazene abaixo dos 25ºC na embalagem original. Erros frequentes incluem:

• Aumento autónomo da dose sem supervisão médica
• Não realizar ecografias pós-tratamento para monitorizar resposta ovariana
• Início tardio do tratamento no ciclo menstrual

Evite álcool e suplementos sem aprovação médica. Reforce a necessidade de reavaliação após cada ciclo e leitura atenta do folheto. Contacte imediatamente o médico se desenvolver dor pélvica severa ou alterações visuais.